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é escritor, tradutor, doutor em Filosofia da Educação (USP), professor, palestrante, blogueiro, autor de vários livros sobre leitura, linguagem, escrita criativa, educação, formação docente e estética. Mais informações no site www.gabrielperisse.com

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Ler e liberdade

Heloisa Seixas (1952-), em seu Uma ilha chamada livro (Galera Record, 2009), contos que giram em torno do ler, do escrever e do contar, há uma história sobre o presidiário que descobriu uma forma de libertar-se. Lendo.

A autora visitou o presidiário, José, náufrago da existência:

"Ele sorria, sereno, enquanto me contava sua história. José foi condenado a vinte anos de prisão. Bateu um desespero, precisava fazer alguma coisa, disse. E foi assim, por puro horror, que abriu um livro. Antes, lia mal, quase nada, juntava uma palavra a outra com dificuldade. E foi com dificuldade que começou, atravessando as primeiras páginas ainda como se nadasse. Não sei que livro foi, isto ele tampouco me contou. Mas sei que uma centelha brilhou e José foi em frente, atraído por aquele farol. Leu, leu e leu. Leu tanto que quis dividir a sensação com os outros, e passou a emprestar livros, a andar pelos corredores de cela em cela com um carrinho cheio deles. O homem-livro, o homem-biblioteca." (pág. 38)

O homem-livro será um homem livre, mesmo que não esteja atrás das grades. Ler um livro para se ver livre. Ver para além do livro para encontrar a liberdade de movimentos interior. Abrir um livro, abrir a porta da cela.

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