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é escritor, tradutor, doutor em Filosofia da Educação (USP), professor, palestrante, blogueiro, autor de vários livros sobre leitura, linguagem, escrita criativa, educação, formação docente e estética. Mais informações no site www.gabrielperisse.com

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Dimensão cirúrgica da leitura

Conforme postagem do dia 2 de dezembro, iríamos conversar sobre as três dimensões da leitura neste início de reflexão sobre a terapia literária. As dimensões profilática, medicativa e cirúrgica. Sobre as duas primeiras já fiz algumas considerações. Agora é o momento da dimensão cirúrgica.

Há cirurgias de urgência. Há cirurgias arriscadas. Outras, de rotina. Há cirurgias demoradas. Outras, rápidas. A etimologia ensina que a cirurgia é um trabalho manual. Do grego kheirourgía, "ação de trabalhar com a mão". Está aí, na formação da palavra, a raiz grega kheír, também presente na palavra "quiromancia", a arte de adivinhar pela leitura das linhas e sinais da mão.

Que mãos literárias poderão realizar intervenções cirúrgicas em nós? Tomo um livro, mas é um livro que me toma. As mãos do escritor ou da escritora trabalharam no livro. O livro agora é bisturi. No livro recebo a anestesia estética. "Durmo" enquanto leio, e enquanto leio, as palavras atuam dentro de mim. Mexem em mim. Cortam, costuram.

E que tipo de problemas merecem essa intervenção radical? E quantas horas durará a cirurgia? Quantos dias, talvez? O que caracteriza a leitura cirúrgica? Que cirurgiões literários já atuaram em mim? Em você?

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