Leituras que previnem os fanatismos podem ter um efeito colateral: o ceticismo generalizado. Evitemos o engajamento ingênuo, saibamos que chegar a uma verdade é possibilidade remota, vejamos os bastidores. Os bastidores revelam a podridão que as fachadas ocultam. Comentemos criticamente o que os outros pensaram, disseram, escreveram. Mantenhamo-nos longe de utopias...
Desconfiar é saudável... mas a descrença absoluta em valores e princípios pode gerar outro tipo de fanatismo. O antifanático fanático alimenta a ideia fixa de que nenhuma ideia, exceto esta, é plenamente confiável.
Desconfiar é saudável... mas a descrença absoluta em valores e princípios pode gerar outro tipo de fanatismo. O antifanático fanático alimenta a ideia fixa de que nenhuma ideia, exceto esta, é plenamente confiável.
O ceticismo pode levar também à melancolia, a um "clima" emocional e intelectual em que as crenças se afundam todas, tenham ou não alguma razão de ser.
Outra decorrência. É quando o cético desiste de ler, pensar, criticar, discutir... atividades sem futuro, e vai se dedicar a alguma aventura prazerosa, radical ou delicada. (O que talvez lhe infunda novo gosto pela vida.)
A contrapartida são leituras que relativizem o relativismo. O livro Nem tudo é relativo, de Hilton Japiassu (Editora Letras & Letras, 2001) puxa o freio antes do abismo, e faz repensar algumas questões atualíssimas, mas clássicas, em torno da busca da verdade.
Artigo Final:
Fica proibido o uso da palavra liberdade
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
ou como a semente do trigo,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.
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